Aprendendo em movimento: sentidos que convocam o foco

Daniela Minello

Aprender é um dos movimentos mais genuínos da vida. Um olhar que busca, um ouvido que acolhe, o tato que experimenta, o olfato e o paladar que conectam uma imensidão de vivências em memórias. Os sentidos são como portais de atenção abrindo-se ao estímulo, filtrando o essencial e conduzindo o cérebro a organizar significados. O foco nasce desse diálogo entre sensação, intenção e estado de presença, quando os olhos se fixam, quando os ouvidos se afinam ao som, quando a pele identifica a textura, quando o cérebro aciona sua rede de conexões e se dispõe a aprender. Cada gesto é uma convocação a ser e estar; cada percepção, uma centelha que desperta a consciência. O movimento amplia o alcance dos sentidos. Assim, mover-se é mais do que deslocar-se, é estruturar a aprendizagem a partir da experiência concreta, onde sentidos e foco se encontram. Na plasticidade do cérebro, atenção, emoção e significado convertem o efémero em memória duradoura. O foco é, então, resultado de uma sinfonia, o corpo que se move, os sentidos que registram, o cérebro que organiza, e a emoção que motiva. Aprender em movimento é aprender com intensidade, pois cada passo dado no espaço reverbera como um passo dado no conhecimento.


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Aprendendo em movimento: sentidos que convocam o foco

O aprendizado nasce também no gesto. No deslizar das mãos que exploram, no olhar que captura a luz, no ouvido que se abre ao som do mundo. Cada movimento é uma chave que desperta redes neuronais e inaugura o diálogo entre corpo e cérebro. A aprendizagem motora não é uma simples repetição mecânica, ela refina a precisão dos gestos, ajusta o equilíbrio, aprimora a coordenação. É nesse campo dinâmico que a criança, ao se mover, constrói também o repertório social e cognitivo que a sustentará. O corpo, portanto, não apenas acompanha o aprender, ele o inicia, ele o escreve pelo espaço ressignificando suas percepções e relações com as pessoas, com coisas e com o tempo, acionando e promovendo novas memórias. 


O encontro com o ambiente e a travessia cognitiva e social

Explorar é dançar com o espaço. A criança toca, experimenta, investiga e cada ação deixa vestígios no cérebro, moldando a percepção. A experiência corporal é um tecido vivo, tecido em diálogo entre estímulo e resposta, entre liberdade e limite. O ambiente, longe de ser cenário estático, torna-se território de significados. É nele que se fundem conhecimento prévio e novidade, numa rede em que o mundo exterior se converte em paisagem interna. Assim, aprender é também habitar e abrir o corpo e a mente ao espaço que ensina. Brincar é pensar com o corpo. Cada gesto partilhado em jogo, cada palavra que se encontra com o riso, transforma-se em exercício de raciocínio. O social costura o cognitivo, aprender exige cooperação, regras, empatia e, ao mesmo tempo, desafia a imaginação. Nesse movimento, o saber não é isolado, mas comunitário nasce da interação, cresce no diálogo, fortalece-se no encontro. 


O cérebro em plasticidade e emoção
Cada estímulo que recebemos, desperta neurónios, cada repetição fortalece sinapses, e a neuroplasticidade converte experiência em conhecimento. A atenção destaca, o significado organiza, a emoção colore compondo três fios que sustentam a teia do aprender. A dopamina, poesia química, abre corredores luminosos no cérebro, transformando esforço em prazer, descoberta em conquista. Memórias consolidadas tornam-se raízes profundas, prontas a sustentar novas aprendizagens. Aprender é mover-se com o corpo, mas também com o coração desperto, ciência e poesia em um só movimento contínuo de criação. Sonho com uma escola que promova o movimento como uma das formas de reorganizar o foco e a concentração. Ao contrário do que se pensa, limitar uma criança no espaço, em seus movimentos corporais, para que preste atenção, restringe o fluxo da percepção e da consciência de si e do que está ao seu entorno.

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